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Os fins de ano não são mais os mesmos
Em busca de novos rituais, mas abrindo espaço pra saudade do que já não é mais igual
Oiii, que bom te ter aqui na última newsletter do ano. Antes de qualquer coisa, queria destacar o quanto eu tô feliz de ter superado a impostora que me habita e criado esse cantinho pra gente conversar. Dos poucos textos escritos aqui já saiu tema de terapia, conversas boas com amigos…
Então tirar os planos do papel, mesmo faltando pouquinho pra 2022 acabar, valeu a pena (vai que te faltava esse estímulo pra realizar algo?). Desde que eu brincava de ter uma revista de moda, escrevendo em cadernos porque não tinha computador, que esse momento encarando uma folha branca sempre trouxe aquela sensação de conforto, de saber que tava escrevendo pra mim, mas pra conectar com outras pessoas (na época, os meus leitores fictícios). Então, obrigada por ser real kk
Dito isso, vamos pro tema que me fez te escrever hoje: fim de ano. Para mim, esse sempre foi um momento bem social, mas também introspectivo. De festejar com os amigos, de jantar com a família e organizar mil amigos secretos (sim, eu sou a pessoa do amigo secreto). Mas de sentar comigo mesma e relembrar os destaques do ano, valorizar os feitos (algo que me custa um cadinho) e os desfeitos, planejar, escrever pra mim mesma e criar aquela lista de metas.
Dezembro de 2019 foi o último ano em que eu fiz tudo isso. Tanto a parte dos planos quanto dos inúmeros festejos. No começo foi culpa de 2020, do caos que vivemos. Mas não parou por aí: eu mudei de país, de clima… Os amigos e família tão longe… Nada é do mesmo jeito. E tudo bem. Mas também dá uma saudadona de como era.
O Natal da minha família nunca teve pompa. Mesa de ceia mega enfeitada, o tal peru que nenhum de nós gosta. Ao invés disso, a gente se juntava na área de casa pra fazer churrasco, beber cerveja gelada e ouvir Zeca Pagodinho. Apesar da blogueira aqui sempre estar montada, tava todo mundo de chinelinho na cadeira de praia - nada diferente de qualquer outro domingo na nossa casa, exceto pelo pinheiro e a troca de presentes, sempre à meia noite.
Já as viradas dos últimos muitos anos foram ao lado dos amigos, cozinhando de biquíni no dia 31 com um drinque na mão pra, no fim do dia, todos ceiarem juntinhos, celebrando a sorte de encontrar e criar outras famílias pra além daquela que a gente nasce com. Os núcleos mudaram, a gente já festejou com mais e menos dinheiro. Tivemos anos com grandes dramas, dançamos ABBA no gramado e descansamos de ressaca todo dia 1º de janeiro na beira da piscina.
Então, eu posso dizer, com toda a franqueza, que os meus finais de ano eram bem do jeitinho que eu gostava. É por isso que talvez essa seja a época em que mais custa estar longe. Um clichê, eu sei. Mas faz tempo que eu abri mão de querer ser diferentona.
Desde que eu cheguei em Lisboa, há dois anos, entre fazer novos amigos e não conseguir voltar pro Brasil, entre o clima gelado que parece não combinar com o tipo de festa que a gente sempre fez, estou em busca de novos ritos.
Claro que tem uma parte muito charmosa e mágica de experienciar o final de ano no inverno. As folhas amarelas das árvores caídas no chão das praças, as feirinhas de Natal, os cafés quentinhos pra aquecer as mãos, os cachecóis felpudos e as luzinhas pela cidade. Os doces e o cheirinho de canela saindo do forno…
Esse final de semana, enquanto estava em uma feirinha ouvindo um grupo cantar músicas de natal, bebendo o café de gengibre do Starbucks com o vento gelado no rosto, eu me senti em um filme. Mesmo sem neve ou crianças patinando. Mesmo sem árvore em casa. Aí me senti um pouquinho ridícula, mas deixei essa sensação me envolver. Porque colecionar esses momentos em um cantinho da memória e viver coisas novas pela primeira vez, coisas essas que eu sonhei muito com lá de dentro do meu quarto de adolescente, foi um dos motivos que me trouxe pra cá, geográfica e metaforicamente.
Então esse é um textinho de saudade. Pra dividir uma pontinha não tão bonita de como é estar longe. Mas também é um textinho de novos começos, seja a ceia com novos amigos, seja viajar pra outro país pela primeira vez no ano novo. Quem sabe eu não te conto como foi no nosso próximo e-mail? :)
Que cê tenha o refresco de estar do ladinho de quem ama nesse fim do ano. Com abraços e presença. Mas se não estiver, que cê fique bem. Se mime, encontre outros ritos e novos espaços pra se sentir em paz.
Só desejo (pra mim e pra você) que 2023 seja o nosso ano. O bom é que, a cada mês, estaremos coladinhas e coladinhos por aqui. Compartilhando dicas, sentimentos e tudo mais. E lembra sempre que cê também pode aproveitar esse cantinho pra dividir o que rola por aí. Estamos a um e-mail de distância.
Aproveitando aquele descansinho de fim de ano, apesar de o feriado ser em pleno fim de semana, queria deixar a dica de um livrinho de verão e férias que pode ser uma ótima companhia pra descansar na rede ou aproveitar um delicioso chá gelado no conforto do seu sofá.
De férias com você, Emily Henry
De férias com você conta a história de Poppy e Alex, pessoas que se conhecem na faculdade e que, a um primeiro olhar, não possuem nada em comum. Na verdade, são opostos. Eis que uma aproximação inesperada acontece e os dois se tornam melhores amigos, com uma pitada boa de amor platônico. Durante dez anos, os dois viajam juntos nas férias de verão, até que param de se falar depois de um grande acontecimento.
Os dois ficam dois anos completamente afastados até que Poppy, sentindo falta de Alex, organiza uma viagem de reconciliação. Dividido entre essa viagem e todas as outras férias dos dois, o livro é gostosinho e fluído, faz a gente se sentir amigo dos protagonistas e parte desse universo especial que eles criam quando juntos. Um livro sobre viagens, sobre se encontrar e também sobre descobrir a casa no abraço de alguém.
E já que o assunto é livro…
Fica aqui o convite pra conferir esse post sobre os 5 melhores livros que li em 2022. Todos escritos por mulheres, com autoras brasileiras e gringas. E vou te dizer: não é porque a lista é minha, mas só tem livro pra encher os olhos e o coração.
Nos vemos em 2023.
Um beijo,
Marcie.