Oiii, tudo bem por aí? Eu comecei a te escrever hoje com um sorrisinho no rosto de quem vai compartilhar uma boa novidade: finalmente comecei um projeto que tá no papel tem meses (na verdade, anos) que é dividir as minhas leituras com você de um jeitinho mais orgânico, no estilo resenha mesmo. Tudo em áudio, no nosso podcast lá no Spotify.
O primeiro episódio vai falar de A natureza da mordida, segundo livro da Carla Madeira - autora que eu AMO! Sério, eu sou obcecada pelos outros trabalhos dela, o famosíssimo Tudo é rio e Véspera - meu preferido. Então dizer que eu estava com a expectativa alta é pouco. Queria ter gostado mais do que gostei, mas te explico todo o caminho até esse veredicto, sem spoilers, lá no episódio. Espero que cê goste, prestigie e, se puder, compartilhe com alguém que gosta de ler.
Só que no processo de te escrever esse e-mail, eu lembrei da primeira vez em que pensei sobre fazer resenhas de livro em um podcast. E tem ANOS. Pelo menos uns 5 ou 6. Imagina quanta resenha e conversa a gente já não poderia ter compartilhado. Mas eu não consegui. Porque me achava rasa demais para essa tarefa.
Os livros fazem parte da minha vida desde sempre. E eu amo ler desde que juntei as primeiras letrinhas - na verdade, antes disso, quando pegava o livro na mão e inventava eu mesma uma história.
A casa dos meus avós foi por muitos anos depósito de um tio livreiro e eu lembro de passar tardes sozinha naquele quartinho silencioso e atarracado de caixas lendo. Eu ainda lembro do cheiro de madeira do piso mesclado com o de livro e talvez esse mix de papel e madeira, adicionando um cadinho de flor de laranjeira, seja o aroma que a minha biblioteca dos sonhos futuros vai ter.
Os anos passaram e eu segui encontrando nos livros um cantinho de paz. Mesmo que estivesse rodeada de caos. Quando me mudei para outro continente, foi uma mala de 23kg recheada deles que me fez sentir minimamente em casa. E já virou motivo de piada a minha falta de praticidade, a minha resistência a ser uma proprietária de um Kindle, a minha habilidade de achar um cantinho na mochila mais cheia pra encaixar um último livrinho.
Numa tarde qualquer, em mais uma aula de teorias do jornalismo, lá por 2017, eu rabisquei no fundo do caderno “podcast leituras - episódios sobre livros que eu amo, chamar pessoas pra conversar sobre os seus livros favoritos”. Senti um friozinho bom na barriga, pensei em como fazer, e depois desisti, porque não teria nada bom o suficiente pra dizer - ou, melhor escrevendo, nada bom o suficiente pra passar no meu crivo altíssimo de qualidade, uma régua com a qual eu não meço ninguém além de mim mesma.
Ao mesmo tempo, sempre que alguém me pede uma dica de leitura - seja no breve período que eu trabalhei em uma livraria ou quando qualquer amigo/conhecido/desconhecido aparece com o assunto - meu olhinho brilha e eu tô pronta para palestrar por 30 minutos, sobretudo se amar ou detestar a obra.
Então eu já poderia estar fazendo isso há anos. Mas me disse pra não fazer. Por receio de mim e de tudo que eu não sei. Quando tudo o que eu queria era só falar de livro, do jeitinho que eles me batem, como se estivesse indicando pra uma amiga - que não quer uma opinião técnica e acadêmica, que tá ali conversando, despretensiosamente, com um taça de vinho - ou uma xícara de chá - na mão, sabe?
É isso que eu espero que esse podcast seja, uma conversa informal com dicas pra quando a gente não sabe o que ler. Ou pra ouvir depois de ler você também o livro. E é você a amiga, amigo, amigue com uma bebidinha na mão, descalça no tapete aqui de casa, que eu quero receber.
Demorou muitos anos, mas saiu. Eu precisava te contar. E se o seu projeto ainda tá preso nos seus altos padrões, fica uma forcinha extra dessa impostora aqui pra você.
Ainda no tema escolhas, vontades e projetos, fica a dica de conferir esse post da Luanda lá no Instagram.
Um beijo e bom fim de semana,
Marcie
E espero que não pare de escrever/falar sobre isso. Me dá um quentinho no coração ouvir as tuas palavras mesmo que Livros não seja o meu assunto favorito.